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Estudante de jornalismo, apaixonado por séries de tv, filmes e livros, além de cultura, música e coisas viajadas. É basicamente isso que vai ter por aqui.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

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Era uma vez um menino que era cheio de certezas e queria dominar o mundo. 

Tinha sonhos, planos, alicerces, refúgio.

Vida. Tempo. Contagens. Por mais que estivesse dentro de uma bolha (na qual ele próprio, sem saber, se colocou), estava bem com aquilo. Ou, como ele chegaria a conclusão anos depois, estava bem com o que aquilo lhe trazia.

Era mais um no meio de tantos. Mais um normal. Mais um atomizado. Mais um ditado.

E então seu castelo ruiu.

Seu alicerce rachou.

A bolha estourou.

O dia se fez noite. (Ou a noite se fez dia?)

Não tem mais refúgio. O que outrora servia de alento, hoje é tortura. O que trazia paz, hoje incomoda. Os antigos heróis se converteram em rostos distorcidos e vozes que já não falam e, quando falam, são dissonantes.

Tem ideais, não mais sonhos.

Tem castelos de areia, não alicerces.

O menino só tem uma certeza: a de que não tem mais nenhuma certeza.           

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

(in) existência


Retorcido. Quebrado. Vazio. As gotas de chuva caem no meu rosto e se misturam às lágrimas de tal forma que eu não consigo diferenciar o que provém do meu interior e o que, vindo do exterior, me representa tão bem que chego a me perguntar se aquilo também não vem de dentro do meu ser rasgado e bagunçado. A dor dilacera e, contraditoriamente, fortalece. Para quando, eu não sei. Mas fortalece. Mesmo que em passos minúsculos. Você senta ao meu lado e me diz que nada disso importa, que tudo vai ficar bem (porque você sabe que não vai). Minhas certezas autoimpostas se esvaem e desfalecem, juntando-se aos infinitos grãos de areia e mostrando sua face real: um palco armado, no qual eu sou a estrela principal e o coadjuvante, o herói e o bandido, a presa e o algoz. Ao passo em que um relâmpago corta as nuvens, viro os meus olhos para te ver novamente, mas você não existe. É uma mera ilusão, mais um roteiro que me foi escrito (por mim mesmo, ouso dizer) no grande e sôfrego espetáculo chamado vida.  Mudo de lugar só pra confirmar o flagelo de tua (in) existência e tudo o que eu consigo, a partir daí, é acompanhar a tempestade – que, veja bem, é da cor dos teus falsos olhos – que castiga as rochas; da mesma forma que castiga também a mim. Um cheiro, um gosto, uma lembrança. Café, chocolate, livros. Noites, sonhos.  Formas totalmente disformes, lembranças que de tão falsas se tornam esquecíveis e um inevitável e um doce amargo (por que não?) sabor de derrotismo, antes mesmo do início da batalha.  Não, não vai ficar bem. Não, não vai sarar. Quando eu fechar meus olhos e adormecer, vai vir a mim novamente como se estivesse comigo desde vidas passadas. Vai me perseguir como um fantasma, sem me deixar – ao menos em sonho – ser feliz – ao menos com a estúpida ideia de uma possibilidade ínfima. E, ao mesmo tempo em que me puxar para o fundo, vai me levantar, só pra ter o sabor de me derrubar depois. Enquanto me matar, vai me fortalecer, só pra poder me matar de novo. É, novamente, a doce contradição. Sorri. Chora. Mas uma coisa nunca muda. Sente falta. De quê? Não se sabe. Só sente. E por sentir, morre. E por sentir, vive.  

domingo, 8 de julho de 2012

Espada de duas pontas


As gotas de chuva que caíam do escuro céu de Petrolina naquele começo de noite o colocaram a pensar.
Sempre com sua inseparável mochila às costas – dentro, um livro surrado, um caderno, algumas canetas sem bocal e um punhado de moedas – partiu rumo ao que esperava ser mais uma distração naquele dia tão atribulado. Enquanto lia no ônibus, observava de relance o movimento da cidade, tão intenso e por vezes até caótico naquele horário.

Sempre que lhe era perceptível o quanto a cidade tinha crescido, um sentimento angustiante lhe invadia. Era um jovem interessado por artes e cultura desde cedo. Na infância, seu sonho era ser o Homem Aranha. Na adolescência, conhecer a Terra Média ou fazer uma viagem pela Matrix. Livros, filmes e música ajudaram a moldar seu caráter e muito do que ele, hoje, é. E por isso mesmo ele se ressentia ao perceber o quanto aquela cidade, cada vez mais rica culturalmente, não possuía um público cativo destes produtos.

Peças de teatro, manifestações regionais, espetáculos de dança, exibição de curtas produzidos no perímetro... Tornavam-se detalhe perto dos inúmeros shows de forró, acostumados a lotar clubes praticamente todo final de semana. Quando aos 15, 16 anos, ele se perguntava o motivo de tal discrepância – já que, na sua cabeça, era inadmissível tal tipo de coisa. Hoje, apesar de manter a opinião e preferência, ele já tem a mente mais aberta.

Entrou na faculdade de jornalismo aos 18 e foi aí que a cortina que cobria seus olhos começou a cair.
O mundo da mídia é cruel. Mais do que cruel, não abre espaços para dúvidas. A publicidade é o motor e não haverá divulgação (ao menos, não ampla) de algo que não atrairá público e que não trará lucro aos meios responsáveis por pautar o assunto. O que se esquecem, com isso, é que o mesmo público depende da tal da divulgação. Como as pessoas que não costumam procurar eventos culturais irão participar dos tais se nem sabem que eles estão acontecendo?

Era, essa, uma das eternas dúvidas do jovem. Afinal, ele também já participara de um projeto de extensão cineclube na sua faculdade e vira que, mesmo com uma propaganda viral, o resultado final não havia sido exatamente o esperado. E a desempolgação por isso gerada acabou fazendo a prática “adormecer”.
Não é que ele tivesse desistido – isso ele jurava para si mesmo que não iria. Só não valia a pena, em um momento extremamente estressante, tentar vencer uma batalha que se contasse apenas com ele, estava fadada ao fracasso. É sabido que o jornalismo também tem seu papel cultural – tem, inclusive, uma área específica: o chamado Jornalismo Cultural.

Onde se encontrava, então, essa prática na região? Nas rápidas “agendas culturais”, inseridas entre uma reportagem e outra na TV? Ou, talvez, nas páginas recheadas de novelas e fotos sociais dos jornais impressos. Ou ainda em uma ou outra notícia perdida entre tantas nos blogs.

O que ele mais queria era entender. Não há público por que não há divulgação? Ou não há divulgação por que não há público? Ele tinha certeza de que era uma junção das duas vertentes, como uma espada com duas pontas. Sem escudo e sem cavaleiro, parecia uma realidade morta. Ou apenas adormecida. Como a Branca de Neve após comer a maçã envenenada pela Rainha Má. Onde estaria, então, o Príncipe Encantado?

E aquilo tinha influenciado o garoto. Ele não sabia exatamente como ou quê. Sempre tivera clara a noção de fazer jornalismo cultural. E era o que esperava conseguir. Mas tinha medo (na verdade quase certeza) de que, ali, em sua cidade, não o conseguiria realizar com muito êxito. Esperava que o cenário mudasse.

Por enquanto, o que lhe restava era andar debaixo da chuva, com a bolsa de lado, fones no ouvido e tentando se lembrar com o quê o seu eu de 15 anos sonhava e imaginava. Sem sucesso.


Crônica produzida durante o 4º semestre do curso de Jornalismo em Multimeios da Uneb - Campus III, na cadeira de Laboratório de Criação Jornalística, ministra pela professora Quércia Olivieira.



Para refletir...

 

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Olhos abertos, corações fechados

As vezes tudo que eu sinto é vontade de correr para longe. Para uma daquelas civilizações fechadas e reservadas, onde a preocupação maior é quem vai fazer tal tarefa. É difícil viver hoje, nesse mundo. É difícil encarar as pessoas dia após a dia e ter que ostentar uma cara de felicidade, quando tudo que há por dentro são feridas e cicatrizes. Cicatrizes eternas de momentos que aquelas pessoas nem sabem ou nem imaginam. E tão difícil encontrar alguém em quem confiar hoje em dia. Tão difícil encontrar um abraço quando se precisa, um ombro amigo quando se precisa simplesmente conversar. Os dias correm, passam e não voltam. Só há uma chance para viver e não dá para vivê-la em completa estática. Mas e o medo? Como lidar com todo o medo? Da rejeição ao diferente; do que vão fazer. Do que vão falar. Palavras conseguem causar estragos tão grandes.

E a nostalgia do passado, do glorioso passado. Glorioso àquela época, ao menos. Hoje é um lamaçal escuro, um véu negro que se afasta e prefere não ser penetrado, pois só trará dor. Mais dor.

A medida que os olhos vão se abrindo e a compreensão se estabelece, o coração vai se fechando. Quando se perceber, pode ser tarde demais.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Visceral.

Parece que você adora brincar comigo. É a única explicação que eu vejo. Afinal, qual o motivo de tamanha simpatia repentina? Hoje, absurdamente hoje. Dentre milhões de dias, hoje você me aparece. Hoje que estou tão cansado. Estou cansado desse mundo. Cansado dessa vida. Cansado desses sentimentos que nada me arrancam além de geladas lágrimas. E então você aparece para que tudo fique mais bagunçado. Eu estava feliz. Não satisfeito. Não completo. Não intacto. Mas feliz. E eu, mais uma vez, não consigo te ignorar... Parece que você sabe o poder que exerce sobre mim. É a única explicação. Vá embora, eu não aguento mais.

Cansei não só de você. O que eu queria era deixar de ter medo. Queria voltar minha vida do início e fazer tudo diferente. Queria chorar menos. Queria me envolver menos. Queria ir embora para Marte. Queria poder gritar para todos o que sou e o que sinto. Vivo nas sombras e isso está me cansando. A dor visceral é tanta que me sufoca. Queria saber que tudo vai ficar bem. Sinto frio e não me importo com a chuva. Talvez ela seja como uma armadura e vá me proteger. Queria braços aqui, do meu lado. Me dizendo que tudo vai ficar bem. Mas eles estão tão longe que me dói até fazer o esforço de formar essa frase...

Queria mudar o mundo... Mas como vou fazer isso se o medo me atormenta a cada madrugada?

"Eu queria tolerância. Eu queria que todo mundo deixasse os outros em paz, independente de suas crenças religiosas, independente de suas afiliações políticas. Eu queria que as pessoas gostassem das outras."
(Donald Miller)

terça-feira, 8 de junho de 2010

Fallen Angel

                                                                             
O que eu mais queria agora era voltar no tempo e ver quando foi que isso mudou.  Não que eu ache tudo isso ruim, pelo contrário. É bom. É mais do que bom. É uma coisa que eu nunca havia sentido até então. Eu, 18 anos. Tão vazio e opaco por dentro quanto uma bola de boliche. Quer dizer, pelo menos era isso que eu imaginava. Até você vir em direção a mim, com seus olhos de navegante e me soltar uma única frase, que pôs em cheque tudo o que eu próprio dizia a respeito de mim. Meu egoísmo e habitual desprezo se travestiram em uma compaixão e uma dor absurda. Doeu mais do que mil agulhas perfurando o meu corpo.

Impotência e autoflagelação se unem dentro de mim em um misto horrível de sentimentos. Eu olho para os lados e termino por cruzar os braços novamente. Lágrimas quentes escorrem pelo canto do meu rosto e molham o chão. Uma chuva fina começa a cair. Vês, meu amor? Até os céus estão tristes. Ajoelho-me e deixo a calmaria se abater sobre mim. Ela me toma em seus braços e me leva até os lados mais profundos de minha mente. E lá eu encontro você. Destroçado. Despedaçado. Como um anjo caído. Não se preocupe, você não precisa temer. Te coloco no meu colo e te levo para longe dali. 

Flashes me invadem. Chuva, sol. Frio, calor. Não importa. Eu não solto da sua mão. É um filme de assombração. Eles não vão nos vencer, meu amor. Prometo isso a você. Forças brotam do meu interior. E então nós avançamos, nós superamos isso. Você me disse que não deixaria que eu tomasse sua dor para mim. Pois bem, a questão é que você não tem escolha. Há muito tempo você não tem escolha. Afinal de contas, quando seus problemas parecem ínfimos perto daqueles de quem você ama desenfreadamente, o resto do mundo é praticamente reduzido a nada.


[Nota: Sei que eu dei uma sumida daqui, mas vou parar com a vadiagem. Prometo.]

terça-feira, 11 de maio de 2010

The Sound of my Tears


















Não sei o que me leva a escrever isso. Nem muito menos imagino que você irá reagir de uma maneira diferente da que eu espero. Sei que isso de nada vai adiantar. Sei que você não precisa ouvir nada disso. Mas o problema aqui é que eu preciso falar. E há muito tempo eu já parei de me importar com o que você vai pensar sobre as palavras que rudemente despejo.
Eu te amei mais do que a mim mesmo. Você me disse que eu era especial e que era diferente de todos. Que eu possuía uma aura resplandecente e que você queria recostar a cabeça no meu peito e dormir. Em que ponto nós erramos (ou eu errei) para que tudo isso mudasse subitamente?
Agora eu me sinto sozinho e você nunca está por perto. Você não está lá para me abraçar ou para me dizer que tudo vai dar certo. Você não está lá para estender os dedos e amparar minhas lágrimas. E é por isso que eu vou embora da tua vida. Mas eu não queria ir. Eu queria ficar. Eu queria que você me pedisse para ficar. Mas você não vai pedir e eu não vou esperar.

Nota: Texto escrito originalmente em 2007. Estava fuçando nas minhas coisas antigas, encontrei e decidi transcrever aqui.